Tomei posse, e agora?
Conheça os desafios enfrentados por uma Delegada recém empossada.
Ei, concurseiro (a). Sei bem que você estuda idealizando como será quando já estiver devidamente empossado (a). Comigo também foi assim. E é justamente isso que nos dá aquele gás extra quando estamos desanimados, não é? Bom, idealizar o futuro é inevitável. Por vezes, criamos a ilusão de que será possível controlar todas as adversidades e nos blindar de frustrações, afinal de contas, atingimos um de nossos maiores sonhos: o cargo público.
O que posso adiantar para você é que a vida pós aprovação é muito boa. Há muita comemoração, orgulho, gratidão, alívio e até a autoestima se eleva. Após a euforia, vem a preocupação: e agora, quais serão minhas novas responsabilidades e desafios?
Eu, após meses de Academia de Polícia, fui designada para uma cidadezinha interiorana pequena e pacata no Vale do Jequitinhonha, longe da capital, com uma estrutura sucateada e procedimentos acumulados. De início, um baque. Tive que lidar, simultaneamente, com o choque de realidade e o peso da responsabilidade de gerenciar identificação, trânsito, pessoas e liderar a investigação criminal.
Não serei hipócrita de falar que foi fácil, porque não foi. Contudo, à medida que você encara os desafios com leveza, gratidão e vontade de fazer diferença, você entende que é mais que um cargo, é uma missão. Somos agentes transformadores de realidades.
As surpresas positivas logo foram surgindo. No interior, o delegado de polícia é, de fato, uma autoridade. E ser autoridade vai muito além de ser chamado de “dotôra” pelos munícipes. É ter voz e ação para articular melhorias e atuação em rede. A sua simples presença causa fascínio e respeito. Por isso é tão importante dar o seu melhor e nutrir a consciência de que suas ações reverberam em dimensões exponenciais.
Cargo público exige disponibilidade, responsabilidade e afinco. É preciso gostar do que se faz. Há pobreza, há problemas, há desentendimentos. Há desacerto entre teoria e prática. Há servidores desmotivados. Há conflitos que o direito não será capaz de resolver. Mas também há a satisfação em ajudar um cidadão desamparado. Há a gratidão no olhar da população carente. Há o orgulho em ver que os inquéritos pouco a pouco estão diminuindo na raça. Há a sensação inexplicável de concluir uma investigação com louvor.
Portanto, digo: o cenário pós aprovação pode ser bem diferente do que imagina. Contudo, afirmo: valerá a pena se estiver disposto a servir ao público. Apegue-se à sua essência, confie em seus propósitos e deposite muita força de vontade em seu trabalho. O futuro tem planos maravilhosos para você. Acredite!
Carolina Máximo Alves
Delegada de Polícia Civilde Minas Gerais
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